No artigo anterior, Uma viagem sonora através dos modos gregos, embarcamos em uma jornada pela história e pelo significado dos modos gregos na música. Hoje, vamos desvendar os segredos por trás da formação das escalas nesses modos, revelando como suas notas se organizam para criar sonoridades tão únicas e expressivas.
A Escala Diatônica: A Base dos Modos Gregos
Antes de mergulharmos na formação das escalas modais, é fundamental entendermos a escala diatônica, a base sobre a qual os modos gregos são construídos. A escala diatônica é uma sequência de sete notas que seguem um padrão específico de tons e semitons:
Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Tom – Semitom
Essa escala é a mesma que conhecemos como escala maior natural e possui um som alegre e estável. Os modos gregos, por sua vez, são variações da escala diatônica, que surgem quando começamos a escala em diferentes graus.
Construindo as Escalas Modais
Cada modo grego corresponde a um grau da escala diatônica, e sua escala é formada a partir da mesma sequência de notas, mas com a tônica (nota fundamental) deslocada. Vamos analisar cada modo em detalhes:
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Modo Jônio: O modo jônio é o primeiro grau da escala diatônica e corresponde à própria escala maior natural. Sua fórmula é:
T – T – S – T – T – T – S
Exemplo em Dó Maior: Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó (repetição, oitava)
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Modo Dórico: O modo dórico é o segundo grau da escala diatônica. Sua fórmula é:
T – S – T – T – T – S – T
Exemplo em Ré: Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó – Ré (repetição, oitava))
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Modo Frígio: O modo frígio é o terceiro grau da escala diatônica. Sua fórmula é:
S – T – T – T – S – T – T
Exemplo em Mi: Mi – Fá – Sol – Lá – Si – Dó – Ré – Mi (repetição, oitava)
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Modo Lídio: O modo lídio é o quarto grau da escala diatônica. Sua fórmula é:
T – T – T – S – T – T – S
Exemplo em Fá: Fá – Sol – Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá (repetição, oitava)
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Modo Mixolídio: O modo mixolídio é o quinto grau da escala diatônica. Sua fórmula é:
T – T – S – T – T – S – T
Exemplo em Sol: Sol – Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol (repetição, oitava)
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Modo Eólio: O modo eólio é o sexto grau da escala diatônica e corresponde à escala menor natural. Sua fórmula é:
T – S – T – T – S – T – T
Exemplo em Lá: Lá – Si – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá (repetição, oitava)
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Modo Lócrio: O modo lócrio é o sétimo grau da escala diatônica. Sua fórmula é:
S – T – T – S – T – T – T
Exemplo em Si: Si – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si (repetição, oitava)
Os Graus Característicos
Cada modo grego possui um ou mais graus característicos, que são notas que definem sua sonoridade particular. Esses graus se diferenciam da escala maior natural e são responsáveis pela atmosfera emocional única de cada modo.
Por exemplo, o modo dórico possui um grau característico na terça menor, o que lhe confere um som melancólico. Já o modo lídio possui um grau característico na quarta aumentada, o que lhe dá um som luminoso e extasiante.
Transpondo os Modos Gregos
Os modos gregos podem ser transpostos para diferentes tonalidades, mantendo suas características interválicas e emocionais. Para transpor um modo, basta seguir a fórmula de tons e semitons correspondente a partir da nova tônica.
Por exemplo, se quisermos transpor o modo dórico de Ré para Sol, basta aplicarmos a fórmula T – S – T – T – T – S – T a partir de Sol: Sol – Lá – Sib – Dó – Ré – Mi – Fá – Sol (repetição, oitava).
Uma Paleta de Cores Sonoras
Ao dominarmos a formação das escalas nos modos gregos, expandimos nossa paleta de cores sonoras e podemos criar melodias e harmonias com nuances expressivas e emocionais mais ricas.
No próximo artigo, exploraremos as aplicações práticas dos modos gregos na música, mostrando como eles são utilizados em diferentes gêneros e estilos musicais.
Até lá, continue praticando e explorando as sonoridades dos modos gregos!
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