Antônio de Souza (na foto tocando trombone) nasceu em São Sebastião, litoral de São Paulo, em 1934, numa família cristã; tinha bisavós portugueses, herdou seu nome do avô, que era casado com uma descendente de italianos. Nos anos 1950 veio “tentar a vida na capital”, onde aprendeu seu ofício: confeiteiro.

Até então era solteiro e decidiu afastar-se da prática de frequentar cultos, vivendo a vida e, embora ainda não existisse o termo, optou por “deixa a vida me levar”, sem se submeter à direção de Deus para tomar suas decisões.

Em 1959, sentindo novamente vontade de ter a orientação divina em sua vida, foi a um culto na Assembleia de Deus no Jabaquara onde se “reconciliou” e, já como membro da Igreja, aproveitou a oportunidade que se apresentou, via aulas de música dadas por um voluntário de outra igreja, o “irmão Irineu” e buscou aprender tudo que ele poderia ensinar-lhe. Em algum momento o “irmão Irineu” não pode mais continuar com as aulas e, dessa forma, Antonio de Souza passou a buscar aprender via leitura e via obtenção de auxílio de outros músicos, tanto de outras igrejas, como de bandas marciais de bairro.

Após muito esforço conseguiu ajudar na montagem e ampliação (via ensino de teoria e prática musical) da banda marcial da Igreja Assembleia de Deus do Jabaquara, onde retornara ao Evangelho e, para isso, teve total apoio do Pastor João Doblinski, alcançando o posto de maestro dessa banda, formada com instrumentos de sopro e percussão.

Paralelamente, evoluía em sua vida profissional e, via muito trabalho e esforço, trabalhando simultaneamente em várias padarias, conseguiu comprar um terreno e construir uma casa em Diadema, para onde mudou em janeiro de 1970, já casado com Clarice de Souza e com quatro filhos pequenos. Apesar da distância e da dificuldade de transporte continuou a frequentar a igreja do Jabaquara, mas em 1973, para que pudesse “congregar” com sua família com maior frequência, passou a congregar na Igreja Cristã Pentecostal da Bíblia em Diadema, Pastor Izael Mariano.

Lá, também com amplo apoio do Pastor, passou, em conjunto com os poucos músicos que lá havia, a planejar a criação de uma banda marcial e, para isso, começou seu mais produtivo trabalho, sob as bênçãos de Deus, de ensino de música, começando com os “de casa”, seus quatro filhos homens, uma vez que a caçula, estava em seus primeiros anos e ainda não era alfabetizada. Fez um belo trabalho com alunos a partir dos 10 anos e muitos deles, hoje já tocando outros ou vários instrumentos, devem a ele os primeiros passos na música.

Ele não era um músico profissional, nunca cursou academias, conservatórios ou faculdades de música, mas tinha isso como ministério, uma espécie de missão de vida, no afã de prestar a Deus a gratidão devida por tê-lo resgatado de “sua vã maneira de viver” (como dizem as Escrituras). Era obstinado, dedicado e inteligente e, portanto, não desistia da missão.

Ainda na década de 1970, seguindo essa missão, formou um Conjunto Coral na ICPB Diadema e, sempre que convidado, levava seus liderados para cultos, congressos e eventos musicais evangélicos. Num desses eventos, numa união de vários Conjuntos Corais, revezou com outros regentes a direção de um grande Coro, que se apresentou no  Centro Cultural Okinawa do Brasil – CCOB, em Diadema.

Continuou seu trabalho, agora já auxiliado pelos filhos (a quem ensinou tudo que sabia), na ICPB até o início de 1986, quando voltou à Assembleia de Deus, dessa feita no Jardim Miriam, onde, num breve período, formou um Conjunto Coral, mas sua saúde, debilitada por anos de trabalho em altas temperaturas não lhe permitia grandes esforços. Adquiriu Parkinson e em 27 de abril de 2002 nos deixou e foi morar com o Grande Deus, deixando em nós que o acompanhamos por todo esse período um legado de amor, primeiramente a Deus, depois à família e à Música.

Sim, esse projeto de ensino de música é inspirado nele e em sua dedicação em formar novos músicos, dando-lhes a base teórica que lhes permitirá tocar instrumentos dos mais variados. É um agradecimento a Deus e um tributo a esse homem que se foi, mas deixou sementes ou, como se diz modernamente, deixou um legado.